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Criação de moedas globais para o desenvolvimento sustentável

KARIM CHABRAK  |  23 JUNHO 2021  |  EDIÇÃO 15  |  TRADUZIDO DO INGLÊS

Karim Chabrak - Coinsence logo.png

Logo de Coinsence.

Seguindo uma tendência global de fuga de capital humano e em busca de melhores oportunidades, cada vez mais jovens talentos tunisinos deixam o seu país de origem para adquirir novos conhecimentos, iniciar as suas jornadas profissionais e aumentar o seu impacto numa nova sociedade. Embora a maioria deles conquiste um bom padrão de vida e obtenham posições importantes, as saudades da sua terra natal não cessa e o sonho de ver o seu país e os seus entes queridos em melhores condições não para de crescer.

 

Apesar de que, no passado, as remessas de fundos tenham sido as principais contribuições, hoje, com o aparecimento das ferramentas de colaboração descentralizada e das plataformas digitais, existe um enorme potencial de criação de valor inexplorado, bem como oportunidades ilimitadas de partilha de conhecimento e recursos que poderiam aproximar a diáspora dos habitantes locais, ultrapassando todas as fronteiras. Além das oportunidades de negócios que podem ser impulsionadas e ampliadas através de diferentes contribuições e da cooperação; as iniciativas e projetos inovadores relacionados com o desenvolvimento sustentável são particularmente atraentes para os membros da diáspora que buscam gerar um impacto.

 

Apesar das conexões emocionais e das grandes sinergias que podem surgir da colaboração entre a diáspora e os ecossistemas locais, os desafios estruturais, os obstáculos burocráticos e a falta de visibilidade ainda limitam as oportunidades quando se trata de interações sociais e económicas transfronteiriças. 

 

As atuais soluções tradicionais de financiamento, gestão e funcionamento de projetos multinacionais e com participação de múltiplos parceiros geralmente não oferecem a flexibilidade e eficácia necessárias para a maioria das organizações da diáspora e internacionais, especialmente quando se trata da capacidade de apoiar atividades informais de forma dinâmica e de recompensar microcontribuições individuais de diferentes redes espalhadas pelo mundo. Para que a diáspora se envolva intensamente na sociedade civil, na educação e na economia, são necessárias novas ferramentas que os envolvam diretamente na tomada de decisões e na governação e que transformem as reflexões coletivas e as visões comuns em ações conjuntas eficazes com resultados tangíveis.

 

Nesta linha, as moedas comunitárias podem oferecer o meio necessário para estimular as atividades e a troca de valores entre as diásporas e os habitantes locais. Com o uso da tecnologia blockchain na criação deste tipo de moedas, a experiência e os recursos da diáspora podem ser mobilizados, geridos e utilizados de uma forma mais descentralizada e flexível. As contribuições podem ser reconhecidas e valorizadas globalmente.

 

Graças ao apoio do Fundo de Inovação da UNICEF e da Agência Alemã de Desenvolvimento (GIZ, na sigla em alemão), a Coinsence foi capaz de passar de um primeiro protótipo para a oferta de uma plataforma digital expansível, bem como uma estrutura para novas iniciativas e redes de todo o mundo, e está a iniciar os seus primeiros projetos-piloto com comunidades e parceiros internacionais. 

Após a criação de uma plataforma de colaboração descentralizada de código aberto que permite que as comunidades criem as suas moedas, realizem transações e partilhem recursos e conhecimento, a Coinsence.org introduziu a primeira moeda comunitária destinada a mobilizar a diáspora tunisina para colaborar e contribuir com projetos em cooperação com iniciativas e parceiros locais no seu país de origem.

 

A Tunisia Impact COIN é emitida e atribuída de forma participativa e transparente a projetos e iniciativas que contribuem para um impacto cultural, ambiental e socioeconómico na Tunísia. Estas moedas são usadas como um instrumento de recompensa para diferentes tipos de contribuição e podem ser utilizadas na troca de valor entre pares dentro da rede. 

 

Considerando o fato de que muitas contribuições da diáspora são de natureza financeira, a Coinsence aprimorou ainda mais sua plataforma com uma solução tokenizada para transações financeiras. Esta solução foi selecionada pelo Banco Central da Tunísia dentro do seu quadro regulamentar de sandbox. Os doadores e investidores de impacto podem comprar, em tempo real, moedas estáveis que podem ser transferidas entre membros e levantadas por qualquer beneficiário na Tunísia. Além da nova capacidade de realizar microtransações rápidas e não bancárias a um baixo custo, o uso de blockchain aporta uma nova camada de segurança e confiança, onde doadores e investidores podem rastrear as transações financeiras e gerir coletivamente fundos e gastos de uma forma mais flexível, eficaz e transparente. 

 

Através de uma combinação das ferramentas digitais necessárias para a organização descentralizada, bem como as moedas comunitárias e criptoativos que criam liquidez e estimulam a criação e troca coletiva de valor, os inovadores, empreendedores e ativistas sociais agora podem superar restrições financeiras e obstáculos burocráticos. Isto abre uma nova esfera de casos e oportunidades emergentes. Os membros da rede podem conectar-se a projetos e indivíduos para cocriar soluções e partilhar o valor criado. Como resultado, qualquer indivíduo, organização ou empresa disposta a apoiar este tipo de solução agora terá mais oportunidades. Também podem oferecer serviços, recursos ou descontos para apoiar os projetos de impacto e as comunidades envolvidas de forma direta ou indireta. 

 

Por meio do reconhecimento e da funcionalidade de recompensa, as Tunisia Impact COINS criam a ponte perfeita e preenchem a lacuna entre o mundo filantrópico sem fins lucrativos e o mundo do investimento económico. As COINS arrecadadas, que mostram o valor quantificado da contribuição de cada membro, podem ainda ter uma utilidade económica, podem aumentar o seu valor e podem ser gastas nos benefícios oferecidos dentro da rede.

 

Enquanto as atividades atuais têm como objetivo mobilizar globalmente as organizações sem fins lucrativos, empresários e diáspora para projetos de inovação e de impacto na Tunísia, a Coinsence oferece uma plataforma aberta e acessível e apoia iniciativas e redes que consideram a introdução das suas próprias moedas para mobilizar pessoas e organizações para fins comuns e para conseguir um impacto social.

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“A Coinsence representa uma nova forma de organizações, parceiros de negócios, empreendedores, agentes de mudança e inovadores em todo o mundo poderem unir forças para resolver problemas locais e trabalhar coletivamente para resolver desafios globais”, diz Oula Tarssim, Gerente de Projeto da GIZ para o projeto “ProGreS Migration, mobilization of the diaspora” (“ProGreS Migração, mobilização da diáspora”).


Embora a tecnologia blockchain ainda seja nova para a maioria das pessoas, organizações e reguladores, os criadores do Coinsence acreditam numa visão na qual a democracia e a governação podem ultrapassar as fronteiras, a soberania e a transformação começam com a capacidade das comunidades de criarem as suas próprias moedas e os instrumentos financeiros são construídos para promover o crescimento inclusivo e sustentável. Agora, cabe aos jovens libertar o seu potencial da hierarquia imposta e das velhas estruturas e trilhar os caminhos evolutivos que permitam conexões a qualquer hora, em qualquer lugar.

 

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Karim Chabrak

O Dr. Karim Chabrak é o fundador do Coinsence.org, uma plataforma descentralizada de colaboração, criação de valor e troca que permite que organizações e comunidades criem as suas próprias moedas de impacto para financiar projetos relacionados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e mobilizar recursos. Karim nasceu na Tunísia. Após o ensino secundário, ele mudou-se para a Alemanha para estudar engenharia, onde completou o seu doutoramento em Telecomunicações em 2006. Além de seus interesses em inovação social, economia de tokenização e finanças justas, a principal área de especialização de Karim é em como usar tecnologias para reinventar organizações e criar novos modelos económicos e de governação descentralizados e expansíveis que sejam maior capacidade para enfrentar os desafios globais sociais e ambientais da atualidade. Você pode encontrá-lo em:

https://www.linkedin.com/in/karim-chabrak-57815677

https://coinsence.org

karim@coinsence.org

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This article is part of the issue ‘Empowering global diasporas in the digital era’, a collaboration between Routed Magazine and iDiaspora. The opinions expressed in this publication are those of the authors and do not necessarily reflect the views of the International Organization for Migration (IOM) or Routed Magazine.

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