top of page

Orientação através do Twitter e divulgação médica digitalizada dos médicos nigerianos transnacionais para o seu país de origem durante o COVID-19

ABDUL-LATEEF AWODELE  |  23 JUNHO 2021  |  EDIÇÃO 15  |  TRADUZIDO DO INGLÊS

Abdul-lateef Awodele.jpg

Fotografia de Tima Miroshnichenko no Unsplash.

Os problemas inesperados que surgiram com o COVID-19 empurraram o mundo, especialmente a África, para a beira da insolvência. Estes desafios forçaram muitos governos a fornecer aos seus cidadãos mecanismos de proteção adequados e soluções alternativas que lhes facilitassem a vida. Uma destas alternativas é uma conexão virtual aberta de muitos países com sua diáspora. Embora o efeito do COVID-19 tenha prejudicado a vida de muitos nigerianos, os nigerianos transnacionais contribuíram enormemente para a gestão da pandemia a nível global. Especificamente, os médicos nigerianos transnacionais que usam metodologia virtual, pois tornaram-se num centro de atenção fornecendo informação, aconselhamento e ajuda. Entre março e agosto de 2020, estes médicos nigerianos nascidos na diáspora fizeram vários esclarecimentos pertinentes através do Twitter e de outras redes sociais.


 

O espaço virtual e a chegada dos médicos digitais

 

O uso do Twitter como centro de colaboração entre nigerianos transnacionais e locais aumentou desde o início da pandemia. Muitos nigerianos transnacionais criaram canais para partilhar informação médica sobre como viver durante a pandemia. A declaração de um confinamento nacional criou entre os nigerianos, especialmente os da classe trabalhadora e os estudantes, a necessidade de explorar diferentes plataformas de redes sociais. Esta situação acabou por trazer os médicos transnacionais nigerianos para a ribalta, ao se aperceberem dos desafios enfrentados pelos cidadãos locais. Estes médicos começaram a publicar nas suas contas conteúdos diretamente relacionados com o COVID-19, como complemento às suas publicações diárias relacionadas com a saúde. Representando uma nova etapa para os médicos transnacionais nigerianos, eles tornaram-se na fonte de referência para atualizações fidedignas sobre o COVID-19 e das melhores práticas para prevenir a sua disseminação.


 

Quem são estes especialistas médicos transnacionais e como é que eles se tornaram incontornáveis no setor de saúde da Nigéria?

 

Os médicos transnacionais nigerianos vivem e trabalham fora da Nigéria, mas mantêm ligações ao país de origem através do contacto digital com a população local. Antes da pandemia, estes médicos transnacionais nigerianos usavam as redes sociais para informar os nigerianos sobre as melhores formas de preservar a sua saúde, alimentação saudável e outras informações relacionadas com a saúde. Estes dois utilizadores do Twitter, @DrOlufunmilayo e @wakawaka_doctor, são médicos transnacionais nigerianos e praticam medicina no Reino Unido e na Nova Zelândia, respetivamente. Antes da ocorrência do COVID-19, eles usavam o Twitter para partilhar informações diárias sobre saúde com os nigerianos. Eles começaram a tornar-se populares nas redes sociais da Nigéria em 2018 e, no final de 2019, eles transformaram-se em consultores médicos influentes no Twitter, com mais de 20.000 seguidores em janeiro de 2020. 

 

Em pleno confinamento do COVID-19, após a transmissão ao país, em março, pelo presidente Buhari, em que anunciava o encerramento total da economia do país, a maioria dos nigerianos enfrentaram o desemprego, a instabilidade social e a extrema pobreza. Este facto, juntamente com a deficiente infraestrutura sanitária do país, criou vários problemas de saúde para os nigerianos. Paralelamente, a falta de intervenção governamental, especialmente no que diz respeito à disponibilização de informações fidedigna, e a falta de acesso a médicos, transformaram os médicos nigerianos na diáspora em guias de cuidados de saúde. Usando o Twitter, os Drs. Olufunmilayo e Wakawaka fizeram “remessas sociais” como forma de contribuírem para a divulgação médica junto dos nigerianos do seu país natal. 


 

O impacto dos médicos transnacionais na gestão do COVID-19 entre os nigerianos

 

Embora partes da população nigeriana não tivesse acesso às suas publicações nas redes sociais, repletas de informações diárias sobre pesquisas mundiais e políticas de gestão do COVID-19 adotadas nos países do Norte Global, a informação partilhada por estes médicos ajudou muitos nigerianos que não tinham conhecimentos sobre os sintomas desta doença mortal e não sabiam como gerir eficazmente esta situação sanitária. 

 

Os seguidores destes especialistas em medicina, através do Twitter, aumentaram rapidamente à medida que os nigerianos começaram a partilhar as suas informações noutras redes sociais, o que incentivou mais pessoas a segui-los para poderem aceder às suas atualizações. Muitos nigerianos consideraram que a qualidade do conteúdo partilhado por estes médicos foi preponderante para a eficiência da sua comunicação com as pessoas. Os entrevistados Odunola e Usmanoff revelaram que as mensagens dos médicos transnacionais nas redes sociais foram muito importantes para eles. Na sua entrevista por chat, Odunola explicou que ‘os tweets de Olufunmilayo ajudaram-me a desmascarar várias afirmações controversas feitas por muitos nigerianos sobre o tratamento do COVID-19’. Usmanoff também disse, num chat, que ‘o Dr. Olufunmilayo e o Dr. Wakawaka foram as primeiras pessoas a explicar-nos detalhadamente os sinais e sintomas do COVID-19 e como minimizar a propagação da doença quando se descobre que se tem esses sintomas antes do teste’. Comentários aos seus Tweets reconhecem, de forma semelhante, o seu papel na gestão do COVID-19, especialmente quando muitos dos centros de isolamento do país estavam superlotados e o vírus se estava a espalhar entre os nigerianos. Dois comentários marcantes a um dos tweets de Olufunmilayo, publicados por dois utilizadores do Twitter, que testaram positivo para o COVID-19, e se trataram em casa adotando os seus conselhos, seguindo a recomendação de uns amigos, provam a influência das publicações destes médicos nas redes sociais e a ampla aceitação, das informações que partilham, entre os nigerianos.

 

Embora estes nigerianos transnacionais não tenham conseguido resolver completamente os problemas de saúde associados ao COVID-19, eles partilharam informação importante e necessária para muitos nigerianos durante a pandemia. Esta estratégia alternativa para resolver problemas de saúde antes e durante a pandemia cortou pela raiz as supostas queixas das elites sobre a inadequação do pessoal de saúde da Nigéria.

 

Abdul-lateef Awodele .JPG

Abdul-lateef Awodele

Abdul-lateef Awodele é estudante de doutoramento na unidade de Diáspora e Estudos Transnacionais, do Instituto de Estudos Africanos, na Universidade de Ibadã, na Nigéria. Ele também é investigador no Instituto de Pesquisa Francesa na África. A sua investigação centra-se na migração étnica, comunidades da diáspora e etno-diáspora, travessia de fronteiras, regresso da diáspora e participação cultural.

Email: abdullateefawodele@gmail.com 󠄀

Twitter: @abdulawodele

puerro largo.png

This article is part of the issue ‘Empowering global diasporas in the digital era’, a collaboration between Routed Magazine and iDiaspora. The opinions expressed in this publication are those of the authors and do not necessarily reflect the views of the International Organization for Migration (IOM) or Routed Magazine.

iDIASPORA logo.jpeg
white banner FIXED shorter.jpg

Outros artigos

Ali Ahmad Safi.jpg

Organizações da diáspora e tecnologia: O papel da diáspora afegã-neerlandesa na luta contra o COVID-19

Jihad Alabdullah - Manzoul.png

A experiência da organização Manzoul no uso da tecnologia digital para apoiar a diáspora síria

Henrietta Eshalomi -Banga.jpg

“O poder da banga”: A comida como um vínculo cultural entre os migrantes e suas terras natais

bottom of page